Esquemas de tratamento recomendado pelo Ministério da Saúde do Brasil
Publicado em 16/08/2022; Atualizado em 21/03/2023
“Para otimizar o trabalho dos profissionais de saúde e garantir a padronização dos procedimentos necessários para o tratamento da malária, o Guia de Tratamento da Malária no Brasil apresenta tabelas e quadros com todas as orientações relevantes sobre a indicação e uso dos antimaláricos preconizados no Brasil de acordo com a espécie parasitária, o grupo etário e o peso dos pacientes.
Embora as dosagens constantes nas tabelas levem em consideração o grupo etário do paciente, é recomendável que, sempre que possível e para garantir boa eficácia e baixa toxicidade no tratamento da malária, as doses dos medicamentos sejam fundamentalmente ajustadas ao peso do paciente. Quando uma balança para verificação do peso não estiver disponível, recomenda-se a utilização da relação peso/idade apresentada nas tabelas.
Malária por Plasmodium vivax ou por Plasmodium ovale
Utiliza-se a cloroquina por 3 dias para o tratamento das formas sanguíneas em associação com a primaquina por 7 dias para o tratamento das formas hepáticas latentes. No caso de pacientes com mais de 120 kg, a dose da primaquina deve ser ajustada ao peso. Gestantes, puérperas com até um mês de aleitamento e crianças menores de 6 meses não podem usar a primaquina. Gestantes devem usar o tratamento convencional com cloroquina por três dias e cloroquina profilática (5 mg/kg/dose/semana) até o fim do primeiro mês de lactação, para prevenção de recaídas. O tratamento com ACT por 3 dias e primaquina por 14 dias está indicado para casos de recorrências de Plasmodium vivax.
Malária por Plasmodium malariae
O tratamento de P. malariae assemelha-se ao tratamento para malária vivax (apenas cloroquina por três dias), porém sem a necessidade de uso da primaquina.
Malária por Plasmodium falciparum
Utiliza-se o tratamento com combinações fixas de derivados de artemisinina (ACT), artemeter + lumefantrina ou artesunato + mefloquina, por 3 dias para o tratamento clínico e a primaquina em dose única para eliminação dos gametócitos. Gestantes, puérperas com até um mês de lactação e crianças menores de 6 meses não podem usar primaquina e são tratadas apenas com ACT.
Malária mista (P. falciparum e P. vivax ou P. ovale)
Para pacientes com infecção mista por P. falciparum e P. vivax (ou P. ovale), o tratamento deve incluir artemeter + lumefantrina ou artesunato + mefloquina, que são drogas esquizonticidas sanguíneas eficazes para todas as espécies, associando-as à primaquina por sete dias (para o tratamento radical de P. vivax), nas doses especificadas nas tabelas do Guia de tratamento de malária no Brasil.
No caso de pacientes com mais de 120 kg a dose da primaquina deve ser ajustada ao peso. O tratamento com primaquina em 14 dias está indicado quando ocorre uma recaída após o tratamento em 7 dias com a dose adequada de primaquina. Gestantes, puérperas até um mês de lactação e crianças menores de 6 meses não devem receber a primaquina; o tratamento deve ser feito com artemeter + lumefantrina ou artesunato + mefloquina conforme o Guia de tratamento da malária no Brasil.
Caso o paciente apresente alguma parasitemia na gota espessa, seja de formas sexuadas ou assexuadas, e já tenha sido tratado para malária por P. falciparum há mais de 42 dias, tratar como se fosse caso novo, ainda que o paciente não apresente sintomas.
Malária grave e complicada por P. falciparum ou P. vivax
Embora a maioria dos casos de malária grave seja causada por infecções por P. falciparum, os casos provocados por P. vivax também podem acarretar doença grave e morte, seja por ruptura espontânea ou traumática do baço, complicações respiratórias ou anemia grave, especialmente em pacientes com doenças concomitantes, pacientes debilitados e desnutridos. Também não é raro que formas complicadas de malária vivax (com icterícia ou sangramento) estejam associadas a coinfecções, tais como a dengue.
A orientação da OMS é tratar adultos e crianças com malária grave (incluindo crianças menores/lactentes e gestantes em todos os trimestres de gestação e em período de amamentação) com artesunato intravenoso (IV) ou intramuscular (IM), um antimalárico potente e de ação rápida, por no mínimo 24 horas e até que possam tomar medicação oral (completar então o tratamento preconizado por espécie parasitária – respeitando as restrições de uso da primaquina) (Figura 3). Crianças com peso inferior a 20 kg devem receber maior dose parenteral de artesunato (3,0 mg/kg/dose) do que crianças com mais de 20 kg e adultos (2,4 mg/kg/dose) para garantir uma exposição equivalente ao medicamento.
Para mais informações, consulte o Guia de tratamento de malária no Brasil e o folheto Esquemas recomendados para o tratamento da malária não complicada
Aplicativo Malariatrat”
Dicas do blog
1. Malária adquirida por pacientes de fora de área endêmica podem evoluir com quadro clínico mais florido e de forma mais grave: muito cuidado! Este blog é de Porto Alegre, RS. 2. Utilize o guia de tratamento da malária do Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/malaria/tratamento/guia_tratamento_malaria_2nov21_isbn_site.pdf . 3. Para visualizar as tabelas de esquemas terapêuticos, acessa o link https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/m/malaria/arquivos/esquemas-tratamento-malaria_15out21_internet.pdf . Veja, acima das dicas, os exemplos de tabelas para tratamento de malária falciparum.
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